
Depois do impacto do lançamento do Corcel quatro portas no final de 1968 e logo em seguida do modelo cupê, criou-se uma expectativa em torno do que viria a seguir. A aparição só se deu em março de 1970, quando a Belina chegou ao mercado. Essa demora deu origem a boatos: uma parte do povo dizia que a Ford esperava o lançamento da VW Variant antes de colocar a Belina nas lojas. Outros juravam que a engenharia estava apanhando da tração dianteira por conta do maior peso atrás. Especulava-se até a possibilidade de a Belina sair com tração traseira...
Bobagem. A Belina chegou com as mesmas características mecânicas da linha Corcel, como tração dianteira e radiador selado, e em três versões: standard, luxo e luxo especial. Esta última chamava a atenção pelas faixas laterais de madeira, na verdade um material sintético que imitava jacarandá. Esse detalhe, emprestado das station wagon americanas, era uma lembrança das antigas woodies, peruas com carroceria de madeira típicas dos anos 40.
A Belina tinha linhas agradáveis e as estrias de reforço no teto combinavam com o estilo do carro, que parecia ter a traseira levemente empinada com uma ampla porta que facilitava a entrada de carga para o "salão". Com o banco traseiro abaixado, dava acesso a uma plataforma de 1,77 metro de comprimento por 1,22 de largura e 0,85 de altura.
A Belina tinha linhas agradáveis e as estrias de reforço no teto combinavam com o estilo do carro, que parecia ter a traseira levemente empinada com uma ampla porta que facilitava a entrada de carga para o "salão". Com o banco traseiro abaixado, dava acesso a uma plataforma de 1,77 metro de comprimento por 1,22 de largura e 0,85 de altura.
O primeiro teste com a Belina realizado por QUATRO RODAS, no mês de lançamento, demoliu o mito de supostos problemas de tração. Ela se saiu bem nas provas que incluíram terrenos lamacentos, campo em que a Variant jogava em casa, graças ao motor e tração traseiros. Mas, verdade seja dita: subir com a Belina uma ladeira de paralelepípedos molhados era missão para James Bond.
Lançada com o modesto motor de 1289 cm3 de 65 cavalos, a Belina não fez feio nas provas de desempenho. Na velocidade máxima, até bateu o Corcel: chegou a 138 km/h e atingiu 100 km/h em 23,3 segundos, usando até a terceira marcha. Os freios, a disco na frente, mereceram elogios com uma ressalva: eram suscetíveis ao fading quando exigidos por tempo prolongado.
A suspensão conseguia a proeza de unir conforto, resistência e estabilidade. Já as cruzetas (junta articulada que possibilita tração e esterçamento das rodas) não seriam merecedoras dos mesmos elogios. Frágeis e sensíveis a trancos, se não fossem tratadas com carinho pediam para sair de campo com um toc-toc-toc nas curvas. Quando quebravam, essas juntas deixavam Belina e motorista no meio da rua, e foram apontadas como um problema no teste dos 30000 quilômetros publicado na edição de abril de 1975.
Para saber o que os proprietários de Variant e Belina achavam de seus carros, QUATRO RODAS fez uma pesquisa com mais de 200 proprietários das duas peruas. Os tempos eram outros: 93% dos donos de Belina eram homens. E somente 3% dos proprietários de Variant eram mulheres. Pode-se dizer que os compradores da Ford se mostraram mais satisfeitos: 82% afirmaram que comprariam o mesmo carro, enquanto apenas 74% dos clientes VW repicariam a decisão. As qualidades da Belina ressaltadas na pesquisa foram o consumo de combustível e o conforto.
A Belina Luxo 1971 azul Mosaico que avaliamos pertence ao médico Sérgio Minervini, um apaixonado crônico pelos carros da Ford e especialmente doente pela linha Corcel. Abstraindo-se a posição elevada do volante e a visão do reluzente painel metálico com botões cromados, dirigir a Belina não parece uma viagem de mais de 30 anos no tempo. Seu desempenho é satisfatório e os comandos são fáceis, com destaque para os pedais, suspensos e de bom tamanho. A alavanca com curso longo não colabora com o limitado motor 1.3 nas trocas mais rápidas de marcha, mas os freios atuam com eficiência. Detalhes como o tapete de buclê que forra o chão e os frisos nos forros de porta eram um diferencial no acabamento na época.
Foram leves as modificações de estilo da perua até a ruptura completa, efetivada pela linha Corcel II, em 1978. Mas, antes de sair de cena, as últimas unidades da primeira geração trocaram as frágeis cruzetas pelas juntas homocinéticas, "novidade" que o Passat já tinha desde 1974.
FOTOS:


O motor de estréia era um 1.3 de 65 cavalos.

Uma das grandes qualidades da Belina era seu espaço para bagagem com o encosto traseiro rebatido.

A porta ampla do porta-malas facilitava carga e descarga.
FONTE: Quatro Rodas
Nenhum comentário:
Postar um comentário